O capitalista, segundo H. de Soto, é o “agente econômico cuja função consiste, precisamente, em poupar”.
O ato de poupar coloca à disposição dos demais trabalhadores “os recursos que necessitam para subsistir enquanto durar o processo produtivo de que participam”, quer dizer, o capitalista é quem transforma a própria poupança em remuneração para os trabalhadores, especialmente daqueles dedicados às “etapas produtivas mais distantes do consumo final, ou seja, à produção de bens de capital”.
Eis exemplo dado pelo autor supracitado:
“Pode considerar-se que o processo de produção de um automóvel é constituído por centenas, ou até milhares, de etapas produtivas que exigem um período de tempo muito prolongado, desde o momento em que se inicia o desenho do veículo, passando pelas encomendas dos materiais necessários aos fornecedores, as diferentes linhas de montagem, as encomendas das diferentes peças do motor e de todos os acessórios, e assim sucessivamente, até chegas as etapas mais próximas do consumo, como podem ser as do transporte e distribuição dos veículos aos concessionários, o desenvolvimento de campanhas de publicidade e a exposição e venda ao público.”
A poupança do capitalista é a fonte de custeio das remunerações dos trabalhadores, especialmente daqueles “dedicados às etapas produtivas mais distantes do consumo final”, que é o caso dos operários da construção civil locados nas obras duma montadora de automóveis, eles não podem esperar pelas futuras vendas destes veículos, o que pode levar vários anos, o que sequer pode ocorrer dado as incertezas de qualquer negócio, entretanto o capitalista os remunera no presente na expectativa de obter lucros futuros, assumindo a integralidade dos riscos.
Por que o trator moderno é mais produtivo que o arado?
A resposta que nos dar H. de Soto é que o trator moderno “é um bem de capital cuja produção exige um conjunto de etapas muito mais numeroso, complexo e prolongado do que o exigido para a produção de um arado”, quer dizer, quanto mais “longos são os processos produtivos, mais produtivos tendem a ser”.
A diferença essencial entre as sociedades ricas e pobres é a posse de bens de capital “empresarialmente bem investidos, em forma de máquinas, ferramentas, computadores, edifícios, produtos semi-fabricados, etc., que se tornou possível graças à poupança prévia dos cidadãos”.
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