Segundo N. Taleb, ensaísta e analista de riscos líbano-americano, deve-se julgar o desempenho, sob qualquer atividade, não em função dos resultados, mas em função dos custos alternativos.
O resultado, em hipótese alguma, pode ser o critério definitivo sobre a qualidade da decisão, porque a exposição ao risco importa, quer dizer, os custos implicados sob cada uma das possíveis “histórias alternativas”.
Imagine, por exemplo, o seguinte experimento ilustrativo. Suponha que Carlito, um bilionário perverso, no sentido psicanalítico do termo, ofereça R$ 1 milhão ao sobrevivente duma rodada no jogo da roleta-russa. As chances de sobrevivência são 5 em 6, não obstante as probabilidades estejam a favor de quem arrisca a própria vida, ninguém em sã consciência se submeteria a tal aposta. E, contudo, no caso de alguém jogar e sobreviver, recebendo assim o prêmio prometido, quiçá livre de impostos!, somente alguns desavisados julgariam tal ação pelo resultado obtido sem considerar, erroneamente, os custos implicados na “história alternativa”, que consistiriam no óbito do apostador desafortunado.
Uma história de sucesso, não se deixe enganar, pode esconder sob sua sombra “histórias alternativas” de arrepiar seu tio careca, não por acaso a teoria estabelecida sugere que existe uma relação relativamente proporcional entre retorno e risco. Algumas decisões de sucesso exuberante, quando analisadas de perto, mostram-se esquizofrênicas.
É evidente, neste momento, que R$ 1 milhão ganho por meio do tenebroso jogo da roleta-russa não se equipara, quanto a qualidade da decisão envolvida, com o mesmo valor ganho por meio do trabalho honesto, ao longo de anos, por um taxista, médico ou investidor defensivo.
A ciência atuarial nos desvela um modo de enxergar o mundo que julga as ações não apenas pelos seus resultados, mas principalmente em função dos riscos envolvidos.
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Thiago Soares Marques, MIBA n. 1507
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