Securitização e a crise mundial de crédito de 2007.

Securitização e a crise mundial de crédito de 2007.

Os bancos essencialmente financiam seus empréstimos por meio de depósitos.

Os bancos americanos, contudo, descobriram em meados da década de 1960, segundo C. Hull, que “seria impossível atender a demanda por hipotecas residenciais por meio dos depósitos”, desenvolveu-se então o mercado de títulos lastreados em hipotecas.

A securitização, segundo o autor supracitado, é  “um processo utilizado pelos bancos para criar títulos a partir de empréstimos e outros ativos produtores de renda”.

As carteiras de hipotecas, incluso o seu fluxo de caixa, composto pelos pagamentos de juros e principal, foram vendidas como títulos (securitizados) para investidores. O governo americano, na ânsia própria do intervencionismo, criou Ginnie Mae com o propósito de garantir, mediante certo custo, o pagamento de juros e principal sobre hipotecas qualificadas.

Os bancos atuavam como originadores das hipotecas, contudo pela securitização desfaziam-se das mesmas, permitindo que aumentassem seus empréstimos de forma mais rápida que o crescimento dos depósitos. A securitização, posteriormente, expandiu-se para outros mercados, como a classe de ativos de empréstimos de automóveis, contas a receber de cartões de créditos etc.

O preço de imóveis nos EUA, entre 1987 e 2006, cresceu vertiginosamente, acrescente-se as taxas de juros ínfimas observadas a partir de 2000, tem-se o ingrediente perfeito para a criação duma bolha imobiliária. Eis, então, que se deu um significativo aumento dos empréstimos hipotecários subprime, que segundo C. Hull “eram hipotecas consideradas significativamente mais arriscadas que a média”. Seguiu-se simultaneamente o afrouxamento das normas de empréstimos, permitindo que muitas famílias tivessem acesso a casa própria, esse aumento súbito da demanda impulsionou ainda mais os preços dos imóveis, instalava-se então um círculo vicioso cujo fim necessário seria uma crise de crédito nunca vista.

Os emprestadores, obviamente, tornaram-se mais permissíveis, diríamos irresponsáveis!

O próprio governo americano, populista, ao menos desde a década de 1990 pressionava as instituições a conceder empréstimos para indivíduos de baixa e média renda.

Milhares de mutuários, em meados de 2007, deram-se conta de que não conseguiriam pagar suas hipotecas, seguiu-se então uma série de execuções e, consequentemente, a uma queda abrupta dos preços dos imóveis.

As perdas foram catastróficas!

O mercado de crédito em 2008, nas palavras de C. Hull, tinha sofrido uma “erosão horrível do capital bancário”, tais instituições tornaram-se muito mais “avessas a riscos e relutantes em realizar empréstimos”, eis que o “mundo sofreu sua pior recessão em várias gerações”.

A verdade, tornada evidente post factum, consiste que todos os agentes econômicos envolvidos foram possuídos pelo espírito de imprudência, o filho dileto da ganância!


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