Os bancos essencialmente financiam seus empréstimos por meio de depósitos.
Os bancos americanos, contudo, descobriram em meados da década de 1960, segundo C. Hull, que “seria impossível atender a demanda por hipotecas residenciais por meio dos depósitos”, desenvolveu-se então o mercado de títulos lastreados em hipotecas.
A securitização, segundo o autor supracitado, é “um processo utilizado pelos bancos para criar títulos a partir de empréstimos e outros ativos produtores de renda”.
As carteiras de hipotecas, incluso o seu fluxo de caixa, composto pelos pagamentos de juros e principal, foram vendidas como títulos (securitizados) para investidores. O governo americano, na ânsia própria do intervencionismo, criou Ginnie Mae com o propósito de garantir, mediante certo custo, o pagamento de juros e principal sobre hipotecas qualificadas.
Os bancos atuavam como originadores das hipotecas, contudo pela securitização desfaziam-se das mesmas, permitindo que aumentassem seus empréstimos de forma mais rápida que o crescimento dos depósitos. A securitização, posteriormente, expandiu-se para outros mercados, como a classe de ativos de empréstimos de automóveis, contas a receber de cartões de créditos etc.
O preço de imóveis nos EUA, entre 1987 e 2006, cresceu vertiginosamente, acrescente-se as taxas de juros ínfimas observadas a partir de 2000, tem-se o ingrediente perfeito para a criação duma bolha imobiliária. Eis, então, que se deu um significativo aumento dos empréstimos hipotecários subprime, que segundo C. Hull “eram hipotecas consideradas significativamente mais arriscadas que a média”. Seguiu-se simultaneamente o afrouxamento das normas de empréstimos, permitindo que muitas famílias tivessem acesso a casa própria, esse aumento súbito da demanda impulsionou ainda mais os preços dos imóveis, instalava-se então um círculo vicioso cujo fim necessário seria uma crise de crédito nunca vista.
Os emprestadores, obviamente, tornaram-se mais permissíveis, diríamos irresponsáveis!
O próprio governo americano, populista, ao menos desde a década de 1990 pressionava as instituições a conceder empréstimos para indivíduos de baixa e média renda.
Milhares de mutuários, em meados de 2007, deram-se conta de que não conseguiriam pagar suas hipotecas, seguiu-se então uma série de execuções e, consequentemente, a uma queda abrupta dos preços dos imóveis.
As perdas foram catastróficas!
O mercado de crédito em 2008, nas palavras de C. Hull, tinha sofrido uma “erosão horrível do capital bancário”, tais instituições tornaram-se muito mais “avessas a riscos e relutantes em realizar empréstimos”, eis que o “mundo sofreu sua pior recessão em várias gerações”.
A verdade, tornada evidente post factum, consiste que todos os agentes econômicos envolvidos foram possuídos pelo espírito de imprudência, o filho dileto da ganância!
Leia também:
Deixe uma resposta